quinta-feira, 12 de julho de 2012

Pernambuco recebe evento sobre a Economia da Comunhão

RECIFE - Empreendedores locais poderão participar da Escola Latino-Americana da Economia da Comunhão, que será realizada a partir desta quinta-feira (12) até o domingo (15) na Mariápolis Santa Maria, em Igarassu. Podem participar do evento empresários, estudantes, pesquisadores e trabalhadores interessados em conhecer o tema, trocar ideias e expor suas experiências no assunto. O tema da escola será 'Comunhão, criatividade e paixão para um nova economia'. O evento contará ainda com a participação do economista italiano Luiggino Bruni, especialista no assunto que deverá falar ainda sobre o perfil e os desafios do empresário da comunhão. Estão previstos para todos os dias trabalhos em grupo e momentos de diálogo em plenárias, além de oficinas, conduzidas por especialistas.
"A ideia é formar uma consciência coletiva da economia. Queremos reverter a desigualdade social, distribuir a renda e, ainda assim, incentivar a economia e a criação de empresas. Não é um projeto de filantropia, mas uma nova visão do lucro", explica Márcia Charret, economista e consultora da comissão regional da Economia da Comunhão (EdC).
Segundo ela, fora a divisão do lucro focada também no desenvolvimento social e pessoal dos funcionários e da comunidade onde a empresa está inserida, os pilares da Economia da Comunhão passam ainda por uma gestão ética, um preço justo, o respeito ao meio ambiente e a relação de confiança com o consumidor.
"É uma forma de comprometimento com a sociedade. Quem adere ao modelo está aderindo a novos valores sem, por isso, abrir mão do dinheiro", completa.
Um bom exemplo de empresa que aderiu a esta forma de gestão com sucesso é a Dallastrada, fábrica pernambucana de bolsas que exporta para a Itália e Alemanha. Instalada no polo estadual da Economia da Comunhão, que fica em Igarassu, a fábrica começou em 2008, com produção de cerca de 50 bolsas. Hoje fabrica 350 unidades por mês e tem 12 funcionários. A grande maioria deles compostas por ex-meninos de rua e ex-drogados.
"Fui para a Itália, trabalhei com marcas como Fendi e Prada e quando voltei, resolvi repassar meu conhecimento trabalhando com meninos em situação de risco. Com o tempo, veio a ideia da marca e aos poucos estamos conquistando nosso espaço", afirma João Bosco Santos, proprietário da marca. De acordo com ele, o caminho para uma gestão de comunhão é gradativo. "A melhor recompensa e ouvir de um de seus funcionários que a empresa salvou a sua vida. Isso não tem preço", ressalta. Uma bolsa custa entre R$ 79 e R$ 180.
A segunda empresa do polo situado em Igarassu foi a Lado C, que fabrica brindes e acessórios. Incentivada pelo êxito da Dallastrada, a empresária Aparecida Pina abriu em janeiro deste ano a segunda empresa do polo, a Lado C. "Eu já participava das discussões sobre economia de comunhão desde a década de 1990 e tinha vontade de abrir um negócio nesse modelo. Num seminário, conheci uma empresária carioca que tem uma marca de brindes dentro dessa gestão. Ela me deixou pesquisar seu negócio e reproduzi-lo aqui. Agora, estamos com uma coleção praia, lançada em maio e vamos lançar uma coleção viagem com necessaries e bolsas", diz Pina. As peças custam a partir de R$ 12. "Trabalhamos também com o conceito de preço justo."
Ela adianta que os interessados poderão se inscrever na escola através do site da Universidade Católica de Pernambuco ou no www.mariapolisantamaria.com. No primeiro dia das aulas, haverá ainda um seminário aberto ao público, às 14h30, no auditório da Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco (Fcap) que fica na Avenida Sport Club, 252, Madalena.
DCI

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