segunda-feira, 7 de maio de 2012

Alunos de escola do interior de Pernambuco entram em surto

Uma forte sonolência, braços e pernas dormentes, depois um desmaio. Esse conjunto de sintomas já atingiu 13 alunos da Escola Vitalina Maria de Jesus, onde 360 estudantes estão matriculados, em Araripina, cidade de 80 mil habitantes no Sertão de Pernambuco.
A causa dessa estranha reação coletiva é um mistério, já que médicos não conseguiram fazer nenhum diagnóstico. A Secretaria de Saúde do município testou a água e a merenda da escola. Não encontrou pistas para o mal estar dos jovens.
A tese é de que os alunos estejam sofrendo de uma histeria coletiva, um fenômeno psicológico. Começa quando uma pessoa se sente mal e os amigos que convivem com ela acabam absorvendo sintomas como dor de cabeça e tontura. Ninguém está realmente doente, mas todos sentem o mesmo mal estar.
“Isso é muito comum de acontecer em escolas, fábricas, em vilarejos pequenos. Uma pessoa tem um sintoma, outra pessoa vê e se impressiona com aquilo. E mais outra pessoa vê duas tendo a mesma coisa e acha que aquilo pode ser contagioso e começa a apresentar a mesma coisa”, explica o psiquiatra Daniel Martins de Barros.
Só uma avaliação médica cuidadosa pode confirmar um diagnóstico de histeria coletiva, mas o caso de Pernambuco tem algumas características do fenômeno, segundo o psiquiatra. Um exemplo: a maioria entre os jovens afetados é de mulheres. “Normalmente, acontece mais em mulheres adolescentes, provavelmente por uma questão de sugestionabilidade. Elas são mais sugestionáveis e podem se impressionar um pouco mais com o sintoma que a amiga está apresentando”, aponta o especialista.

Casos semelhantes
A mesma explicação também surgiu em casos semelhantes. Em 2007, 600 meninas de um internato no México ficaram, de repente, com dificuldade para andar. Em 2011, nos Estados Unidos, pelo menos 15 jovens de um colégio começaram a ter tiques nervosos graves e inexplicáveis. Os tiques se espalharam entre amigas em poucas semanas. No Brasil, em 2010, cerca de 20 alunos de uma escola em Itatira, no Ceará, começaram a ter surtos e ficavam agressivos. As aulas foram suspensas por um mês. Quando recomeçaram, as manifestações haviam desaparecido.

Em Araripina, em um único dia, 25 de abril deste ano, cinco jovens da 6ª série entraram em surto ao mesmo tempo. A aula estava no fim, era noite, e apenas a luz de um celular iluminava o ambiente. Uma menina foi amparada, outra jovem foi socorrida logo depois. Os surtos começaram há pouco mais de um mês no colégio. “Eu comecei com uns arrepios de frio e as mãos endurecendo”, conta Edivânia da Silva Rodrigues, de 21 anos.

Uma outra aluna, de15 anos, teve quatro surtos. O pai Abdias Neri de Oliveira conta que ela chegou a ficar violenta: “Se trancou no banheiro. Uma amiga dela foi socorrer, e ela pegou a amiga e jogou na parede”. Algumas meninas foram levadas ao hospital, mas os médicos não encontraram nada de errado.
tribuna hoje

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