segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Estudantes de Pernambuco festejam bons resultados no Enem

Estudante do Recife consegue tirar pontuação máxima na redação do Enem (Foto: Priscila Miranda / G1)Um ano inteiro de estudos e dedicação quase que exclusiva a livros e apostilas trouxe uma recompensa e tanto para alguns estudantes de Pernambuco: notas altas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e a confirmação de que valeu a pena a jornada de sacrifícios para buscar o ingresso em uma universidade pública.
O estudante Walter Gabriel, de 21 anos, fez pela quarta vez o Enem. Este ano, conseguiu um feito inédito para sua vida de vestibulando e tirou 1000 – pontuação máxima – na redação do exame. “Fiquei um pouco surpreso. Tinha achado boa a minha redação, mas não esperava que a minha nota fosse alta”, contou o jovem, que mora no bairro dos Torrões, na Zona Oeste do Recife, com os pais e o irmão. 
Além da nota 10, o estudante, que estudou em instituições particulares, conseguiu boas notas nas outras áreas que compõem o exame, que são matemática e suas tecnologias, ciências humanas e suas tecnologias, linguagens, códigos e suas tecnologias e ciências da natureza e suas tecnologias. “Consegui tirar 661 em ciências humanas, 675 em ciências da natureza, 588 em linguagens e 710 em matemática.”
Walter fará a segunda fase do vestibular da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), nos dias 13 e 14 de janeiro, e está tentando uma vaga na graduação em design. Ele afirma que a escolha pelo curso não foi de primeira. “Fiz duas vezes vestibular para engenharia da computação, mas depois decidi pelo design”, explicou.
A rotina do candidato é composta por aulas em cursos de matérias isoladas e estudo na casa de amigos. “Eu ia para casa de um amigo em Boa Viagem por causa do barulho da vizinhança”, disse. Os pais – a mãe, dona de casa, e o pai, funcionário público – falam que o apoio familiar é necessário para que o rapaz possa conseguir a aprovação. “A gente de vez em quando dá um ‘empurrão’ de leve, para que ele possa melhorar”, brincou o pai, Carlos Roberto de Lima.
O estudante afirma que não fica nervoso na hora da prova por já estar acostumado a encarar esse tipo de desafio. “O segredo é manter o controle, ficar tranquilo e estudar. Não tem muito o que fazer”, revelou, com uma tranquilidade que parece ter beneficiado o bom resultado dele.
O suporte da família de Gustavo Arouca o ajudou a conseguir uma boa nota no Enem (Foto: Priscila Miranda / G1)O apoio da família de Gustavo Arouca o ajudou a conseguir
uma boa nota no Enem. (Foto: Priscila Miranda / G1)
Os pais do estudante Gustavo Arouca, de 18 anos, que concorre a uma vaga no curso de medicina na UFPE e alcançou a média de 774,75 no Enem, também deram o suporte necessário ao jovem, principalmente porque já tinham tido a mesma experiência com a filha mais velha, que prestou vestibular para medicina e hoje está no quarto ano do curso. “Minha irmã passou por isso, então eles me apoiaram”, falou Gustavo.
Em sua segunda tentativa para ser aprovado em uma universidade federal, o aluno de matérias isoladas contou que sentiu dificuldade para realizar a redação. “O primeiro dia foi tranquilo e o segundo também, mas na hora da redação, comecei a fazer e deu um ‘branco’.” Mesmo assim, o rapaz conseguiu terminar o texto e obteve 900 na pontuação.
“A gente tinha ficado preocupado com a redação, que acabou tirando meu filho no ano passado [dos classificados do vestibular], mas foi muita dedicação”, pontuou a mãe, Fátima Arouca, fisioterapeuta e estudante de enfermagem.
O pai de Gustavo fez questão de lembrar que as boas notas do filho são uma parte do processo de seleção, pois ainda falta a segunda fase da UFPE. “A corrida ainda não foi ganha, mas independente do resultado dele, o trabalho foi feito”, amenizou Adilson Arouca, que trabalha como administrador.
Gustavo Arouca teve que montar uma maratona de estudos par se preparar para o Enem (Foto: Priscila Miranda / G1)Gustavo Arouca estudou muitas horas por dia para se
preparar para o Enem. (Foto: Priscila Miranda / G1)
O horário de estudos para um concorrente de medicina não é curto. O estudante ficava das 7h às 22h em um curso de disciplinas isoladas voltado principalmente para pessoas que desejam aprovação no curso mais concorrido da UFPE este ano, com índice de 35,3 candidatos por vaga. O lazer do garoto era ir à academia. “Quando voltava do cursinho, à noite, ia para academia perto de casa. Isso me ajudou a diminuir o estresse”, confessou Arouca, que é morador de Boa Viagem, na Zona Sul.
Como dica aos que irão prestar pela primeira vez o Enem, que tem, por tradição, questões com enunciados grandes, Gustavo Arouca afirma que a execução de exercícios dos anos passados o ajudou. “Pratiquei muito, refiz muitas questões dos exames anteriores e isso facilitou bastante.”
Queixas à redação
Outro Gustavo que se deu muito bem na nota do Enem foi Gustavo Ferreira, 20 anos, que tenta pela quarta vez uma vaga em medicina. Com uma média geral de 774, o jovem obteve 800 na redação, 778,9 nas ciências humanas, 760,4 nas da natureza, 705.1 em linguagens e 854,6 em matemática. “Das 180 questões, acertei 160”, contou, feliz, o estudante.
Com relação à nota da redação, Ferreira acredita que merecia uma pontuação um pouco maior. “Fiquei um pouco apreensivo, porque no ano passado ela tinha me atrapalhado, mas logo após fazer a redação, levei para minha professora corrigir, e ela tinha me dado a nota 9”, contou.
A professora em questão é Fernanda Bérgamo, que participa do Projeto Educação, desenvolvido anualmente pela Globo Nordeste. Para ela, ainda há muito desequilíbrio na correção da redação do Enem, apesar de considerar que o resultado deste ano foi melhor que o do ano passado. "Esses meninos levam os rascunhos da redação para casa e nós damos uma olhada, aplicando os critérios do Enem. Houve as duas coisas: gente que não merecia notas tão boas, e gente que merecia notas melhores do que as que foram atribuídas, agora em um volume muito menor do que o ano passado", c desse treinamento. Não acredito mesmo", enfatizou a professora.
De acordo com Fernanda, o edital do Enem afirma que não haverá revisão de nota ou de correção. "Mas, mesmo assim, a gente sabe de casos de gente que se sentiu prejudicada e  buscou o Ministério Público, contratou advogados... Acho que é mesmo a questão de amadurecer o processo do Enem, que é muito abrangente e pouco transparente", finalizou.ontou Fernanda.
"Acho que o problema diminuiu porque o Inep contratou pessoas mais capacidadas [para corrigir as redações] e houve um treinamento para uniformizar essas correções. Não acho que foi suficiente, ainda, nem que todos participaram desse treinamento. Não acredito mesmo", enfatizou a professora.
De acordo com Fernanda, o edital do Enem afirma que não haverá revisão de nota ou de correção. "Mas, mesmo assim, a gente sabe de casos de gente que se sentiu prejudicada e  buscou o Ministério Público, contratou advogados... Acho que é mesmo a questão de amadurecer o processo do Enem, que é muito abrangente e pouco transparente", finalizou.
G1 Pernambuco

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