Foi no Presídio de Igarassu (PIG), na Região Metropolitana do Recife, onde cumpre pena, que o jovem, envergonhado e arrependido do crime, parou para pensar na vida que queria levar dali em diante. Inscreveu-se no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), formou um grupo de estudos com outros 16 reeducandos, todos já com o ensino médio completo, e fez a prova. O resultado no Sistema de Seleção Unificado (Sisu), que saiu na última segunda-feira (14), foi uma surpresa ainda maior: ele conseguiu a sétima posição no curso escolhido, a licenciatura em matemática, na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), com nota 706,29. Foi a melhor colocação de um reeducando em toda a história do sistema prisional do estado.
"É muito melhor ser reconhecido como alguém que venceu, pelo estudo, que como alguém que roubou, até porque eu não me considero um bandido, mas alguém que errou, aprendeu com isso e merece uma segunda chance. Pensei no dinheiro fácil, queria aventura, mas passei do limite e achei que tinha destruído a minha vida. Agora, ao invés de contar os dias para sair da prisão, vou contar os dias para começar as aulas. Vou embarcar em uma aventura bem melhor, e nessa quero ter sucesso", diz Henry, como é chamado pelos amigos do PIG.
À espera da liberdade
Henry é um preso provisório. Ele foi julgado pela 25° Vara da Justiça Federal e condenado a cinco anos de detenção. Ele está agora em regime fechado, em um presídio de segurança máxima. A sentença dele ainda vai passar pela Vara de Execuções Penais, que deve encaminhá-lo para o regime semiaberto. O advogado dele entrou com pedido para desclassificar o crime para furto. A expectativa é que em abril, quando começam as aulas na UFRPE, Henry já possa cumprir a pena em regime aberto, tendo que assinar, todo mês, o livro de presença no Centro de Apoio a Egressos em Liberdade (Cael).
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